Dia Mundial da Conscientização do Autismo

A Clínica Escola de Fisioterapia – Setor de Neurologia do UniBrasil tem entre 10% e 20% de seu público composto por pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

No dia 2 de abril, o mundo se une em uma causa essencial: a conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, o Dia Mundial da Conscientização do Autismo tem como propósito disseminar informações e reduzir barreiras, promovendo uma sociedade mais empática e acolhedora.

O autismo se manifesta de diferentes formas, impactando a comunicação, a interação social e os padrões de comportamento. Mas, mais do que desafios, cada pessoa no espectro carrega talentos únicos, e o suporte adequado faz toda a diferença para o seu desenvolvimento.

O desafio da inclusão escolar

A escola é um espaço de aprendizagem e convivência, e a inclusão de alunos autistas requer atenção e preparação. A professora Fabiana Neves, doutora em Educação e especialista em inclusão pela UniBrasil, aponta que a falta de formação adequada dos educadores pode dificultar essa adaptação. “A falta de formação adequada dificulta a adaptação do ensino às necessidades destes alunos. Além disso, dificuldades de comunicação e sensibilidade sensorial podem comprometer a participação em sala de aula”, explica Fabiana.

A adaptação do currículo exige metodologias individualizadas, como materiais visuais e rotinas estruturadas, o que demanda tempo e planejamento. Ainda de acordo com Fabiana, o gerenciamento de comportamentos desafiadores, como crises de ansiedade e resistência a mudanças, também requer estratégias específicas.

Outro ponto crítico é a inclusão social, pois a falta de conscientização pode dificultar a interação entre alunos autistas e seus colegas. A parceria com a família é essencial, mas nem sempre há acompanhamento adequado, segundo Fabiana.

Por fim, a doutora acredita que muitas escolas carecem de suporte especializado, como mediadores e psicólogos, o que sobrecarrega os professores e compromete a efetividade das práticas inclusivas.

Construindo um ambiente acolhedor

Para que a escola seja um espaço verdadeiramente inclusivo, a professora Fabiana aponta algumas estratégias que podem facilitar o processo de aprendizagem e adaptação dos alunos com TEA:

  • Ambiente Estruturado – Manter a sala organizada, com poucos estímulos visuais e sonoros, e criar um espaço tranquilo para regulação emocional.

  • Comunicação Alternativa – Utilizar imagens, pictogramas e sinais para facilitar a compreensão; adotar linguagem clara e objetiva, evitando ironias; e demonstrar atividades antes da execução.

  • Flexibilização das Tarefas – Dividir atividades complexas em etapas menores e priorizar métodos visuais e práticos, como jogos e materiais manipulativos.

  • Estímulo ao Engajamento – Usar temas de interesse do aluno e combinar estímulos visuais, auditivos e táteis para reforçar o aprendizado.

  • Regulação Sensorial – Disponibilizar recursos como fones de ouvido ou almofadas sensoriais para minimizar desconfortos.

  • Habilidades Sociais – Ensinar por meio de jogos e dinâmicas cooperativas, incentivando a interação e inclusão.

  • Sensibilização Escolar – Promover atividades que conscientizem os demais alunos sobre o TEA e incentivem o respeito às diferenças.

  • Antecipação de Mudanças – Avisar previamente sobre alterações na rotina para evitar frustrações.

  • Reforço Positivo – Utilizar elogios e recompensas para incentivar comportamentos desejáveis.

  • Regulação Emocional – Ensinar estratégias como respiração profunda e uso de cartões de sentimentos, além de manter parceria com terapeutas e familiares.

Metodologias pedagógicas para TEA

Segundo Fabiana, algumas metodologias têm se mostrado eficazes na inclusão de alunos autistas:

  • TEACCH – Método estruturado que utiliza organização visual e previsibilidade para facilitar a aprendizagem.

  • ABA – Baseado no reforço positivo para desenvolver habilidades acadêmicas, sociais e comportamentais.

  • Ensino Baseado em Interesses – Explora temas de interesse do aluno para estimular o aprendizado.

  • Aprendizagem por Rotinas – Favorece a assimilação do conhecimento por meio de atividades estruturadas.

  • Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA) – Usa ferramentas para auxiliar alunos não verbais ou com dificuldades de comunicação.

  • Aprendizagem Cooperativa – Incentiva a interação entre alunos autistas e neurotípicos por meio de atividades em grupo.

Iniciativas que fazem a diferença

O UniBrasil se dedica a ampliar o acesso a terapias e práticas inclusivas. A Clínica Escola de Neurologia realiza cerca de 2.400 atendimentos anuais, oferecendo suporte especializado para crianças e adultos com TEA.

“Atualmente, são realizados cerca de 2.400 atendimentos anuais, dos quais de 10% a 20% são dedicados a pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Além de priorizar a formação dos discentes, a clínica busca oferecer um acompanhamento que avalie o potencial funcional do paciente em diferentes contextos, como família, escola e convívio social”, revela Kátia Josete Oresten, professora supervisora da Clínica Escola de Fisioterapia – Setor de Neurologia.

“Esse olhar individualizado permite uma abordagem global, considerando que, dependendo do nível do transtorno, os fatores sensoriais podem ser mais impactantes do que os motores, interferindo diretamente no desenvolvimento da criança”, explica.

Para alcançar esses objetivos, as terapias oferecidas visam suprir limitações funcionais, sejam elas motoras ou sensoriais. As atividades são planejadas para estabelecer um vínculo adequado e eficaz entre terapeuta e paciente. “Cada paciente também é avaliado com base no Código Internacional de Funcionalidade (CIF), ampliando a compreensão de suas necessidades. Assim, a inclusão da família no processo terapêutico ocorre de maneira contínua, além da recomendação de terapias complementares”, afirma Kátia.

Um dos diferenciais no UniBrasil é a equoterapia – setor de estágio obrigatório do último ano, além de fonoaudiologia e natação terapêutica. “O acompanhamento é sempre ajustado ao potencial individual de cada paciente”, destaca Kátia.

Projeto Ampliar

O projeto de natação terapêutica ao qual Kátia se refere é o Projeto Ampliar, uma iniciativa do UniBrasil que promove aulas de natação para alunos com deficiência. No caso de pacientes com TEA, a professora do Curso de Educação Física, Eliana Patrícia Pereira, destaca que a liberação de endorfina durante o exercício promove relaxamento e bem-estar, reduzindo o estresse e a ansiedade.

“Quando falamos de pessoas com deficiência intelectual, muitas delas sofrem bastante com a ansiedade ou outros transtornos, como é o caso do TEA. Desta forma, a endorfina ajuda a regular esse sistema”, conclui Eliana.

A inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) exige um esforço conjunto entre educadores, famílias e profissionais da saúde. Com isso, é possível garantir um ambiente mais acolhedor e adaptado às necessidades dessas pessoas. Estratégias pedagógicas individualizadas, metodologias eficazes e iniciativas como a Clínica de Neurologia do UniBrasil e o Projeto Ampliar, por exemplo, demonstram o impacto positivo de um atendimento especializado.

A inclusão de pessoas autistas é um compromisso coletivo. Com informação, empatia e iniciativas como essas, construímos um ambiente mais justo, onde cada indivíduo é valorizado em sua essência.

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