A poesia foi um dos caminhos encontrados pelo advogado e professor universitário Dr. Clèmerson Merlin Clève para voltar às raízes que atravessam sua vida e sua escrita. Em Quase Alguma Poesia, recém-lançada pela Editora Arte & Letra, o autor revisita escritos da juventude e transforma o passado em matéria viva, capaz de dialogar com o presente e provocar reflexão. A coletânea é mais do que uma reedição: é um retorno sensível às origens, às inquietações e às palavras que ajudaram a formar quem ele se tornou.
Os poemas reunidos nasceram entre 1978 e 1982, em um Brasil marcado pela ditadura militar. Nesse período de silêncios impostos e liberdades cerceadas, o advogado escreveu versos atravessados por angústia, esperança e resistência. Décadas depois, esses textos reaparecem com força renovada, ecoando questionamentos que seguem atuais, especialmente diante dos desafios enfrentados pela democracia brasileira nos últimos anos.
A obra também se ancora na memória afetiva do autor. Em Memória (quase) poética de uma temporada no céu, Dr. Clève retorna à cidade de Pitanga, no interior do Paraná, e registra em versos as transformações da paisagem, das pessoas e de si mesmo. As imagens da infância, do trabalho árduo e da luta pela terra fértil compõem um mosaico delicado, onde o passado não é nostalgia, mas fundamento.
Quase Alguma Poesia revela um autor que se reconstrói ao reler a própria história, como quem recompõe um vitral feito de fragmentos do tempo. Entre o rigor do Direito e a liberdade da poesia, Dr. Clèmerson Merlin Clève reafirma que a palavra é também lugar de encontro, memória e resistência, um espaço onde o passado encontra o presente para continuar fazendo sentido.

