Ciclo de atividades de Arquitetura e Urbanismo apresenta os diversos nichos de atuação do profissional na área

Os convidados Monize Carrara e André Batistella ministraram palestra aos acadêmicos, mostrando as particularidades dos projetos urbanísticos e o campo da pesquisa

Ciclo de Atividades de Arquitetura e Urbanismo, na sala de leituras.

Você deve estar se perguntando: ‘O que faz um urbanista?’. Sem recorrer a respostas rasas e superficiais, o Ciclo de Atividades do curso de Arquitetura e Urbanismo, sob a supervisão da coordenadora, Professora Cintia Negrão Nogueira, convidou dois profissionais da área, para explicar o processo de projeto urbanístico e a importância da pesquisa em qualquer área do conhecimento. 

Veja como foi a palestra com a urbanista Monize Carrara de Lima, especialista em Cidade, Meio Ambiente e Políticas Públicas pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), e o designer André Felipe Batistella Souza, mestre e doutorando em Arquitetura e Urbanismo pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). 

 

Valorize o processo do projeto, não tanto o produto

Palestrante Monize Carrara de Lima, discorrendo sobre a atuação do urbanista.

“Faça amizade com a folha em branco. Valorize o processo do projeto urbanístico, não tanto o produto. Valorize as alterações do cliente. Eu não sei projetar no computador. Brinco que sou old school (à moda antiga, na tradução), porque faço tudo à mão”. É assim que a urbanista, Monize Carrara Lima, descreve as particularidades do projeto urbanístico, para, por fim, definir o Plano Urbanístico Preliminar (intitulado também de PUPI), que consiste nos primeiros traçados urbanos, viários, quadros de áreas, calçamentos e áreas públicas. 

Nas palavras da urbanista, o projeto inicia no primeiro traçado básico. É um processo, segundo ela, leve, solto, divertido, sem “a dureza do computador”. Ela compartilha o próprio processo criativo, no qual a primeira conceituação será simples, para, em seguida, tornar-se em um empreendimento, podendo ou não relembrar o que foi feito à mão. 

Para resgatar a pergunta inicial que abre este texto – ‘Qual o papel do urbanista?’ -, Monize explica que, primeiramente, é preciso compreender a necessidade do cliente, a demanda do município e atender ao interesse do usuário na cidade. Aliado a esses três elementos primordiais, há como resultado um bom conceito. A partir dele, entra o papel, efetivamente, do urbanista, propiciando qualidade de vida às pessoas, por meio do desenho urbano, que, de acordo com Monize, respeita as conexões urbanas. 

“O interesse do cliente é primordial, porque, caso não consiga atender a demanda dele, principalmente, no quesito financeiro, o projeto não viabiliza. Quando se está na faculdade, o projeto não tem limite. Mas, agora, quando se começa a trabalhar com o cliente, os valores também importam”, enfatiza Monize Carrara de Lima. 

Quando se trata da atuação do profissional urbanista, ele pode se dedicar a duas grande áreas, como esclarece Monize: setor público e/ou privado. No primeiro, geralmente, envolve questões de desenvolvimento de legislação urbana e de planos diretores. Já no segundo, que é o campo de atuação da urbanista, o profissional se dedica a produzir estudo de viabilidade. “Por exemplo, tenho um grupo de clientes, que possuem um banco de áreas, aqueles anseiam realizar vários empreendimentos. Para isso, é necessário um estudo de viabilidade da área investida”, explica. 

Ou, ainda, trabalhar com projeto urbanístico efetivamente, desde pequenas até grandes escalas. Há também o nicho de projeto executivo, estudo de impacto de vizinhança e, por fim, o ramo de ilustração, para os que desejam dominar o 3D. 

“O urbanista trabalha com reconhecimento do local, identificando as condicionantes, que consiste em verificar, por exemplo, áreas de preservação ambiental, e assim encontrar um meio de conciliar com o projeto contratado. Faz ainda a busca por legislação municipal e estadual, para compreender as leis que incidem sob essa minha área. Após todo o levantamento de dados, passa para a produção efetivamente, com a construção de um mapa”, finaliza Monize Carrara de Lima. 

 

Dicas para se dedicar a área da pesquisa em Arquitetura e Urbanismo

Designer André Felipe Batistella de Souza apresenta a importância da pesquisa científica.

Assunto. Tema. Tese. Objetivo geral e específico. Referencial Teórico. Estes são os principais elementos que compõem uma pesquisa científica, seja voltada para graduação, seja para mestrado e doutorado. O desafio é saber por onde começar um trabalho que, segundo o designer André Felipe Batistella Souza, demanda tempo. 

O texto científico exige que o acadêmico compreenda algumas particularidades da pesquisa, seja qual for a área do conhecimento. A primeira dica do professor da UTFPR (Universidade Tecnológica do Paraná) é se inteirar sobre o que já existe de publicado sobre aquele assunto, o seu objeto de estudo. 

“Você vai pesquisar, por exemplo, sobre o ‘Uso de madeira na construção civil’. Ou, então, entender como está sendo ‘A implantação do Sistema Construtivo Wood Frame no Brasil’. Você vai pesquisar nas bases científicas o que já foi publicado sobre esses assuntos, para, como diz o ditado, ‘não chover no molhado’”, pontua o doutorando em Historiografia da Arquitetura Moderna da arquiteta Lina Bo Bardi. 

Ele ainda acrescenta que nem toda pesquisa precisa ser inédita. De acordo com Batistella, só chega ao grau do ineditismo no doutorado. “Vocês podem pesquisar algo que serviu de objeto de estudo por outro cientista, porém dar outro viés”, esclarece. 

Segunda dica: leitura seletiva. No decorrer da palestra, o professor, que já lecionou para os cursos de Moda, Comunicação e Multimeios, Engenharia Agrônoma, Educação Física, Administração e Arquitetura, ensinou os acadêmicos a como tornar a leitura inteligente. Primeiro: identifique títulos cativantes. Segundo: leia o resumo, esta é a parte que contempla a introdução, o desenvolvimento e as considerações finais. Terceiro: leia a introdução. E, por fim, se debruce sobre todo o artigo, TCC, tese e/ou dissertação. 

Terceira dica: é importante entender as áreas que se tem afinidade para pesquisar. No caso do doutorando, que se identifica com as obras da arquiteta Lina Bo Bardi, ele orienta a trabalhar com temas que gosta. “Escolha professores que se dediquem a área de pesquisa que vocês desejam investigar. Não adianta nada querer estudar história da arquitetura, se o professor se dedica à arquitetura dos materiais”, alerta. 

Mas por que ele tem tanta afinidade com os trabalhos de Lina Bo Bardi? A resposta é simples: ela transitava entre o designer e a arquitetura. Com muita humildade, o docente disse que nunca poderia se comparar com a consagrada arquiteta, mas que se vê no quesito das transições interdisciplinares.

Quarta dica: documente as etapas da pesquisa. Ele ainda traz à tona os desafios da pesquisa. “Não chegar a resultados, no decorrer da produção científica, não é um ponto negativo. Pelo contrário, poupa o tempo de outro pesquisador, que não irá tomar o mesmo rumo de pesquisa”. 

O designer relembra que, na época de faculdade, desenvolveu uma máscara, um EPI (Equipamento de Proteção Individual), para trabalhadores de marmoraria. Nas palavras dele, o resultado final ficou insatisfatório. Isso porque, os trabalhadores não se adaptaram à máscara. 

A dica de ouro: busque por referências no mundo da Arquitetura e Urbanismo. Isso pode te inspirar a expandir o conhecimento daquele objeto de pesquisa, no ramo. 

 

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